Dirceo Stona
Ao Meu Pai Fiorelo
Em um dia dos pais qualquer, resolvi ter uma conversa com o meu pai. Mesmo não estando ele mais entre nós eu quis ter uma conversa bem no coloquial e comecei assim:
– Fiorelo te direi algumas coisas e tu com certeza dir-me- á outras.
– Hoje sou um homem com 60 anos e faz pouco mais de 10 anos que tu te foste.
– Hoje tenho 60 anos quando tu terias 91, pasme Fiorelo, os cientistas dizem que já nasceu quem vai viver 150 anos.
– Fiorelo lembrar-me de ti é lembrar-me da minha infância, do guri de calças curtas feitas por ti com todo o carinho. É lembrar-me das visitas feitas a Faxinal na casa do nono, que pouco conheci, mas lembro-me dele muito bem ainda. Lembro-me de brincar com os primos, filhos do tio Angelim, atrás da velha casa de madeira em Santos Anjos, onde descíamos a ladeira de grama no campo, sentados em uma casca de coqueiro, como até hoje as crianças fazem. Lembro-me da tia Helena que guardava a comida de quem não comia tudo no almoço, para que à tarde, quando disséssemos que estávamos com fome, comêssemos o que tínhamos deixado no prato.
– Lembrar-se de ti Fiorelo, é lembrar-me também, da minha adolescência, da primeira vez que fomos a Jaguari e da queda que tive da bicicleta de duas rodas que me deste. Queda que serviu para que eu aprendesse que durante minha vida eu teria tantas outras quedas bem maiores, mas que sabiamente me ensinavas a suportá-las e delas me levantar.
– É Lembrar-me dos passeios feitos, eu de terno e gravata como um homenzinho onde todos os domingos levava-me à missas que o Pe Nelson rezava na Igreja Matriz. É lembrar-me das festas na praça, da sorveteria, da pipoca. É recordá-lo feliz ao nosso lado. Meu pai.
– O senhor nunca desistiu de me ensinar o bem. Insistiu com amor, com energia, através de exemplos. Pai, tu me presenteou com a virtude do equilíbrio, com a construção da Paz. O senhor foi um esteio moral na minha vida, um homem temente a Deus e cultivador da moral e dos bons costumes, os quais eu procurei seguir com honradez e passar aos teus netos, meus filhos.
– Hoje ao acordar me chamou a atenção e me marcou muito uma mensagem no Facebook, onde o menino dizia que estava observando o pai dele assim como eu te observei na minha vida toda, para copiar as coisas boas que tu fez, de como tu tratou as pessoas, de como tratou a mim, minha mãe e aos meus irmãos. O modo como tu viveu teve um grande impacto na minha vida, pois me ajudou a trilhar o meu caminho nas escolhas que eu tive que fazer. Segui teus caminhos na ética do trabalho, pois o tempo que esteve agarrando minha mão me fez com que eu viesse me sentir mais confiante para enfrentar a vida, na qual tive momentos em que lutei contra Demônios e Feras que me atormentaram, e os venci por ter tido teus ensinamentos para vencê-los.
Lembrar-se de ti é muito bom e aproveito este espaço para inserir coisas que hoje me fez muito bem:
– Quando ainda eu dormia, recebo um telefonema da Priscila. Tu pai, nem vai acreditar. Ela não é mais aquela lourinha que corria na calçada de braços aberto para te abraçar. Não. Ela hoje cresceu e está em Londres de onde me telefonou dando os parabéns pelo meu dia, nosso dia.
– A Deborah escreveu no Facebook: Se o teu pai é o teu herói, deixa que toda a gente saiba que tu tens orgulho dele.. Se tens um pai que lutou e que nunca baixou os braços, que sempre fez tudo por ti e para ti, apesar das dificuldades da vida……. Se tens um pai como o meu, se podes sair à rua… e dizer com a cabeça bem erguida… e gritar “ESTE É O MEU PAI”………..faz uma cópia e cola no teu mural!
TE AMO MEU PAI!
– O Filipe pai, tu nem acredita, cresceu e como eu fazia contigo hoje ele faz comigo, usa meu aparelho de barbear e faz churrasco quase que nem tu. Foi quem assou a carne para nosso churrasco de hoje ao meio dia. Canto para ele as vezes aquela música do Cesar Passarinho “O Guri”, onde diz: Das roupas velhas do pai queria que a mãe fizesse “Uma mala de garupa e uma bombacha e me desse Pra que digam quando eu passe sai igualzito ao p..i”.
– Veja Fiorelo, que mesmo não estando mais entre nós, todos nós te honramos e sempre nos lembramos de ti e do livro “Em nome do pai” do Afifi Neto, tirei o que transcrevo:
Fiquei para sempre com este ar de guri desconsolado
A olhar, a olhar o terreno baldio
Donde o circo partiu um dia antes…
(Afif Jorge Simões Filho)
Publicado no Blog do Dirceo Stona
http://dirceostona.blogspot.com.br/
em domingo, 14 de agosto de 2011
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