“L‘Itália è ammalata e spedita dai dottôri.”
A Itália está doente e desenganada pelos médicos.
“Per guarire I‘Itália bisogna tagliarghe le testa ai signôri”
Para curar, salvar a Itália é necessário cortar a cabeça dos ricos.
A emigração italiana, como a alemã, foi provocada por fatores eminentemente econômicos. Mas, embora a base das duas tenha sido semelhante – alterações da economia que impossibilitaram a subsistência do pequeno proprietário – o processo que resultou na emigração diferiu nos dois países.
Entre as semelhanças, entretanto, convém destacar duas: a primeira, comum a toda a Europa, foi o grande crescimento demográfico, experimentado entre 1815 e 1914, que fez com que , nesse período a população do velho.
Houve emigração de todas as localidade da Itália. Começou preponderantemente, com italianos do norte que se destinavam à agricultura, desta região surgiram também as famílias que posteriormente vieram a fundar as indústrias no Brasil.
Um fator preponderante que desencadeou a emigração na Itália, foram as guerras de unificação da Itália com todos os males que trouxeram a ocupação sucessiva por diversos exércitos do norte da Itália, com danos à propriedade, desrespeito à dignidade da família, impedindo ou devastando plantações, aumentando a miséria por todo a parte.
A unificação da Itália trouxe a perda de um mercado mais poderoso, o da Áustria, que influiu na colocação do produto agrícola e na mão de obra disponível, complicando ainda mais, a situação do povo do norte da Itália, região de onde saiu a maior parte dos imigrantes.
No Brasil, tanto o Governo Central como as Províncias do Sul estavam empenhados em continuar recebendo imigrantes, pois os resultados, até então obtidos, eram mais satisfatórios e havia ainda imensas regiões de mata que só seriam ocupadas por imigrantes.
No Estado de São Paulo, o sistema de parceria, estava em declínio, pois até o momento ara feito com imigrantes alemães. Começava-se então o sistema de trabalho assalariado, a que os alemães não se adaptaram. A mão-de-obra tornava-se uma exigência cada vez maior, dado o menor rendimento reconhecido do trabalho servil e de que haveria de desaparecer diante a grande campanha abolicionista. Com esta imagem montada, os agentes aliciadores de imigrantes e propagandistas da imigração para o Brasil, passaram ao povo italiano.
A avalanche de propaganda sacudia a Itália desde 1875, aliciando o povo para partirem para a América.
A emigração era o assunto obrigatório em todos os encontros depois das missas, no mercado, na rua, nos bares e cafés, nas visitas.
Os representantes do governo imperial brasileiro tentavam atrair colonos para a região sul, havia os ardorosos propagandistas dos fazendeiros de São Paulo incumbidos de levar para lá cultivadores de café, em substituição aos escravos negros, prestes a findar com a assinatura da Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871.
Aparecem também os comissionados pelas empresas de colonização e companhias de navegação para arregimentar gente para o Brasil. Por toda a parte só se falava nas maravilhas da nova terra. Pela boca desses corretores bastava aportar no Brasil e em pouco tempo ficar rico, “diventar sior“. Era “andar in Mérica e trovar la cuccagna!“.
Há vários séculos existiam na Itália, os fazendeiros, tipo de senhores feudais, donos de grandes latifúndios, chamados “signôri” , senhores nobres e ricos. Em contrastes tinham em suas fazendas os “contadíni” que eram agricultores que nunca conseguiram um pedaço de terra e esta mesma triste sorte era legada aos seus filhos e descendentes. Não havia, leis nem preço e nem prazo para o arrendamento. Assim, aquele que melhor trabalhasse e pagasse, mais tempo plantaria . É fácil entender a raiva e o ódio que existia entre os “contadíni” contra os “signôri” o que levava-os a cantarolar “L‘Itália è ammalata e spedita dai dottôri. Per guarire I‘Itália bisogna tagliarghe le testa ai signôri” continente saltasse de 180 para 450 milhões de habitantes, o que provocou a emigração para outros continentes de 40 milhões de pessoas, sendo que 85% destes para as Américas. A segunda foi o processo de unificação, que em ambos os países foi tardia: em 1870 na Itália, em 1871 na Alemanha.